terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Touchdown of the Dead (Bélgica - 2008)

É genial. Desde o nome, brincando com o clássico Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead, de Romero) até o traço meio Beavis and Butt-head, esse curta animado traz humor, ação e a melhor característica que um herói de mundos pós-apocalípticos: CULHÕES!

Sério, o protagonista da história assiste futebol americano pela TV. O atacante do Nukes está correndo para a linha do touchdown e ele, protagonista, faz o quê? Entra num site de apostas e tenta ganhar um dinheiro com essa ótima jogada de ataque.

Mas acontece que no meio do caminho tinha uma... infestação. Todas as pessoas, a começar pelo atacante, se transformam em zumbis, e o jogo para. O protagonista, então, não tem dúvidas: sai de casa, pega um taco de golfe, entra no carro e sai em direção ao estádio. Ninguém brinca com o dinheiro de um homem.

Seguem-se as melhores cenas de atropelamento, despedaçamento e arrebentamento de zumbis que já se viu. Méritos para quando a janela do carro quebra e entra um desmorto no banco do motorista.

Enfim, divirtam-se com esse curtíssimo vídeo que vale muito a pena.

sábado, 23 de outubro de 2010

The Walking Dead S01xE01 (2010)




Começa como toda boa história de zumbis: o mundo já está tomado. Na sequência, vemos Rick, o policial protagonista e guia de toda a série, conversando na viatura com seu parceiro, Shane. É, a segunda cena volta ao antes da infestação e ficamos sabendo que, numa troca de tiros, Rick é baleado e levado em coma para um hospital.

Mesmo hospital em que acorda, tempos depois, com dor, sem soro, sem luz, sem nada. O efeito narrativo da passagem do tempo é simples e ótimo. Como as flores ressecadas da cabeceira, Rick caminha pelos corredores bagunçados, com luzes piscantes e, quando chega ao lado de fora, vê a fila enormíssima de mortos espalhada pelo chão.

Ainda dentro do hospital temos a visão do que virá a ser a maquiagem dessa série: uma mulher totalmente depelada é a primeira visão do novo mundo que Rick tem o prazer (?) de experimentar. A porta com “Não abra, mortos dentro” também está lá, e a descida pela escadaria na completa escuridão cria o clima de suspense. Se ele não fosse o protagonista certamente teria o cérebro comido ali mesmo, sem rodeios.

A trama do episódio-piloto é simples: Rick sai do hospital e, pelas ruas caóticas e paradas, segue pra sua casa. No caminho encontra uma bicicleta caída e vai pedalando para procurar a família. Uma pausa, aqui: quem lê os quadrinhos sabe muito bem que cena é essa, e certamente nutre simpatia pela zumbi dona da bicicleta. Eu nutro, pelo menos. Vale notar que essa zumbi vai render uma belíssima cena de misericórdia, mais à frente, além de ser uma bela homenagem (consciente ou não) à zumbi faladora de A volta dos mortos-vivos.

The Walking Dead, série da AMC baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman, diz a que veio. Mostra desde o começo um mundo arrastado feito passos de zumbis, em que todo encontro entre pessoas causa confrontos, tensões e alguns hematomas.

Quando chega à própria casa e não encontra sua família, Rick senta na calçada e chora. Ele ainda não sabe que o mundo está tomado e vemos, num segundo plano, um corpo de criança se aproximando por trás do personagem (não um corpo sem cabeça – só um corpo, porque dos ombros pra cima a câmera não pega).

Torci pelo que viria a seguir, achando que não ia acontecer do mesmo jeito que nos quadrinhos. Mas acontece! O menino vem andando e, pá! Enfim, leiam, vejam, vocês vão ver como é legal.

Sem dúvidas esse primeiro encontro é ótimo, e quando conhecemos Morgan e Dwayne, pai e filho, entramos numa pequena trama paralela que vai se prolongar até quase o fim do episódio (de 1 hora, ressalte-se), que envolve uma mãe zumbi e tiros de rifle.

Pai e filho ainda protagonizam uma cena muito bonita, leve, daquelas de deixar um sorriso no rosto. Quando os três vão à delegacia, Rick diz que os sistemas de água e luz são autônomos. Que isso significa? BANHO QUENTE! Dwayne dançando sob a água do chuveiro é de uma sensibilidade impressionante, certamente ressaltada pelo cenário apocalíptico que envolve a trama toda.

Temos uma breve visão de Andrea, Lori, Carl, Shane novamente, e vários dos personagens que serão importantes no futuro. Fim do episódio, Rick está em Atlanta, onde supostamente havia uma resistência montada, com estrutura para defesa e, bom, e aquele monte de coisas que precisamos e que nunca existem num apocalipse zumbi. A cavalo, andando pelas ruas entulhadas de carros, vira-se uma esquina e – tcharam! – um trilhão de zumbis parados, que logo se viram e correm atrás da carne fresca.

Claro que Rick não está desarmado, mas não saca uma arma até que seja bem tarde demais. Vale muitíssimo assistir ao episódio nem que seja só para ver a cena final, em que ele se refugia num tanque do exército (!), o cavalo é devorado e, no melhor estilo Lost, o rádio entra em contato.

The Walking Dead começa promissor, baseado num quadrinho fantástico e com uma direção eficiente. Agora é aguardar o resto e, quando encontrar com um walker, acertá-lo na cabeça.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A volta dos mortos-vivos (Return of living dead - 1985)


Denver, aqui é Wichita. Tenho uma prioridade CLY em 113.

Desde que eu era criança, há pelo menos 15 anos, procuro desesperadamente rever algumas coisas. Uma delas era "aquele-filme-de-zumbi-em-que-um-cachorro-cortado-ao-meio-voltava-à-vida". Mas não lembrava que filme era esse, até que a zumbifilia me trouxe certos conhecimentos bibliográficos. Filmográficos, na verdade.

A volta dos mortos-vivos (Return of living dead) é um filme de 1985, um belíssimo exemplar de 80's trash zombie movie, ou seja lá como queiram chamar. Fazendo referência direta à Noite dos mortos-vivos, de Romero, A Volta começa como uma piada. Séria. Sério, uma piada: "Esse filme é baseado em fatos reais. Todos os nomes são de pessoas e instituições reais".

Resumo: dois funcionários de um armazém estão conversando. Nesse armazém, além de produtos farmacêuticos e hospitalares, guarda-se também, segundo o funcionário veterano, "um carregamento químico do exército que veio para cá por engano".

Porque não é só A volta que se baseia em fatos reais: A noite dos mortos-vivos (segundo o funcionário do armazém) também aconteceu. De verdade. E aí, quando os dois descem para ver os barris empoeirados com as tais substâncias químicas, idiotamente racham o contâiner deixando escapar um gás químico totalmente perigoso. Ambos inalam o tal gás e desmaiam, ali mesmo, aos pés de onde o barril guarda um cadáver mais ou menos bem-conservado.

Enquanto isso, no lustre do castelo... um bando de malucos góticos, punks, drogados e mulheres com permanentes horríveis esperam dentro do cemitério pela hora em que Billy - é, Billy é o novato do armazém - vai sair do trabalho. Antes do fim do expediente, entretanto, os funcionários do armazém, mais o dono do lugar, terão que dar um jeito naquele cadáver que, sem mais nem menos, voltou à vida.

Interessante o método de destruir zumbis, aqui: eles tentam esquartejar, mas o cadáver continua se mexendo. Daí levam pro crematório, onde dão fim naquilo ali. A fumaça sobe, chega nas nuves, chove, cai exatamente em cima do cemitério, que é ali do lado, e todos os enterrados voltam a se mexer. Fantástico, não? Narrativas reunidas.

A sequência é tão óbvia quanto clássica: os amigos que festejavam no cemitério correm pra fugir dos zumbis, cada grupo pra um lado diferente. Três deles vão pro crematório, onde estão Billy e os demais, e lá se armam com martelos e marretas pra segurar a horda do lado de fora. Vários morrem, claro, e a inovação desse filme é o grito de "Braaaaaains" que os zumbis arrastam pela cena, enquanto correm e arrancam pedaços de crânios dos humanos.

Great.

Outra marca desse filme (e dos Contos da Cripta, e vários dessa fornada) são os bonecos animatrônicos super plásticos, que dão um toque de comédia à carnificina. Um deles, aliás o mais descarado, é a mulher zumbi partida ao meio quando tenta entrar pela janela, que dá um dos diálogos mais icônicos do filme:

- Por que vocês comem pessoas?
- Pessoas não. Céééérebros!
- Só cérebros? E por que?
- Porque faz passar a doooor.
- Que dor?
- A dor de estar moooooorto.

Mais inovações no gênero: os zumbis, além de correrem e terem disposição de desportistas, são articulados, faladores e bem organizados. Méritos para a cena em que um se finge de policial numa blitz, pros outros, escondidos, atacarem os carros que param.

O final é bombástico. Menção honrosa, ainda, pra Linnea Quigley, a fantástica Trash, uma das punks drogadas que faz um belo strip-tease em cima de uma cripta, antes de virar zumbi.


E, ah, nesse filme tem o tal cachorro-cortado-ao-meio-que-volta-à-vida. Pontos para a minha infância...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Deliver me to Hell (RPG solo em vídeo, via youtube)


Nem só de Senhor dos Anéis e TV Colosso vive a Nova Zelândia. Para promover seu produto de infernal qualidade, a Hell Pizza desenvolveu o jogo interativo via Youtube, Deliver me to Hell.

Nele, durante uma infestação de mortos-vivos, uma mocinha refugiada em cima de um contêiner liga para a Hell e pede, obviamente, uma pizza. É o começo da jornada do entregador, que sai de carro para o serviço. No fim do primeiro vídeo, que tem uns 3 minutos de duração, você decide se dá carona para um maluco que aparece fugindo dos zumbis. Eu fui bonzinho e levei o cara junto. Não faço idéia de como seria se eu tivesse acelerado e deixado o doido como aperitivo pros mortos.

Notem quando o entregador abre o armário para tirar de lá um taco de baseball: na porta está escrito ZUMBIS. Pausei o vídeo e voltei um pouco, e na porta ao lado estava escrito VAMPIROS. Fantástico. A Hell pizzaria está mesmo pronta pra qualquer entrega, em qualquer situação.

Nesse RPG solo a gente passa por quatro escolhas (pelo menos eu passei) até o final, desde “dar carona” até “roubar um carrinho de golfe”, incluindo uma que é “amassar a cabeça do zumbi com uma bola de boliche”. Não sei quantas opções são, no total, mas aposto que dá pra se divertir.

Numa brincadeira promocional estilo Todo mundo quase morto (Shaun of the dead, a comédia com zumbis do inglês Edgar Wright), os neozelandeses mandaram muito bem. Vá lá, confira: http://hellpizza.co.nz

Assistindo até o fim você ganha um suprimento de pizza grátis durante um ano. Com infestação desmorta ou não.

domingo, 1 de agosto de 2010

INFECTADOS (CARRIERS - 2009)


Existem algumas linhas-de-força no cinema de zumbi. Normalmente são estilos que se opõem, como quanto às condições do cenário: às vezes vemos a eclosão da infestação dos mortos-vivos, que começa com o primeiro ataque e, pouco depois, já se espalhou por todo o planeta. Às vezes as oposições são com relação às ações dos sobreviventes; nos filmes de fortaleza todos se fecham numa construção bem protegida e cheia de suprimentos, enquanto ondas de desmortos atacam o perímetro; por outro lado existem os road movies, em que narrativa é baseada na viagem pela estrada e na procura por suprimentos e segurança.


Infectados não é um filme de infestação. Contrariamente, desde a segunda cena sabemos estar assistindo a um cenário pós-apocalíptico. Danny, Brian, Bobby e Kate estão num carro, rodando pela estrada quando passam pela placa da Interestadual. Após uma pequena discussão, sabemos que não se deve seguir pela Interestadual. Nunca. É uma das regras.


Curioso que Infectados foi lançado em 2009, pouco antes de Zumbilândia, e ambos têm nas regras de sobrevivência uma base constantemente relembrada. Claro que as regras de sobrevivência sempre estiveram presentes nos filmes de zumbi: “não deixe eles te morderem”, “atire na cabeça”, “não tenha piedade dos sobreviventes mordidos”, etc, mas iniciar o filme com as regras já estabelecidas é uma das coisas que dão o tom pós-apocalíptico à narrativa.


Pois bem, em pouco tempo encontram um carro obstruindo a estrada, pedindo ajuda, no qual estão Frank e Jodie, sua filhinha infectada. Relembrando as regras: 1 - Evite os infectados a todo custo; 2 - Desinfete tudo que eles tocaram nas últimas 24 horas; 3 - Os doentes já estão mortos. Eles não podem ser salvos.


A paranóia que esse cenário imprime nos protagonistas é enorme. Eles sempre usam luvas cirúrgicas e máscaras no rosto, máscaras engraçadamente pintadas com bocas falsas. Além disso, andam por aí com galões de desinfetante, e todo movimento é premeditado para não tocar num foco de transmissão.


Apesar de tudo, Frank e Jodie seguem com os quatro, numa área de isolamento improvisada na carroceria. Estão indo em busca de um suposto hospital de emergência que encontrou uma cura, mas Danny sabe que isso é esperança tola. Em cenários de zumbi a única certeza é que não há escapatória. Todos vão morrer, basta esperar. E a espera vai se acumulando pouco a pouco.


O mais importante nesse filme é a tensão criada, o dilema de abandonar ou não os infectados. Como regra, sempre abandonam. É assim que Frank e Jodie ficam para trás, quando descobrem que o hospital não tinha a cura. É assim que Bobby, a namorada de Danny, é deixada na estrada para morrer sozinha, por ter sido infectada pela menina. Assim é que a narrativa vai se construindo entre busca de segurança e abandono.


Não falta nem mesmo o grupo armado que mantém uma fortaleza com suprimentos, na qual os protagonistas entram para se abastecer. O que falta, apenas, são os zumbis. Poucos desmortos estão presentes no filme, e nunca em situações conhecidas. Os infectados mortos-vivos não rastejam por aí atrás de carne humana, mas são um perigo tão grande quanto.


Filmes de zumbi se dividem, ainda, em dois tipos: aqueles em que os personagens são arquétipos/estereótipos da sociedade como um todo (como nos clássicos de George Romero), e aqueles em que o desenvolvimento humano (e pós-humano) e as relações pessoais assumem centralidade. Em Infectados, toda a narrativa mostra a tentativa de sobrevivência durante a viagem que Danny e Brian, irmãos, realizam rumo à praia que costumavam ir quando crianças. É na praia que o filme se inicia, é nela que ele termina.


Durante toda a viagem desse road movie, o que fica é a sensação paranóica de que é possível se infectar após o menor descuido. Paranóia tão grande que quase tive um treco quando, inadvertidamente, cocei o nariz.


Ficha técnica:

Título no Brasil: Infectados
Título original: Carriers
País de origem: EUA
Tempo de duração: 84 minutos
Estúdio/Distrib.: Paramount/Playarte
Direção: Alex Pastor, David Pastor