sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A volta dos mortos-vivos (Return of living dead - 1985)


Denver, aqui é Wichita. Tenho uma prioridade CLY em 113.

Desde que eu era criança, há pelo menos 15 anos, procuro desesperadamente rever algumas coisas. Uma delas era "aquele-filme-de-zumbi-em-que-um-cachorro-cortado-ao-meio-voltava-à-vida". Mas não lembrava que filme era esse, até que a zumbifilia me trouxe certos conhecimentos bibliográficos. Filmográficos, na verdade.

A volta dos mortos-vivos (Return of living dead) é um filme de 1985, um belíssimo exemplar de 80's trash zombie movie, ou seja lá como queiram chamar. Fazendo referência direta à Noite dos mortos-vivos, de Romero, A Volta começa como uma piada. Séria. Sério, uma piada: "Esse filme é baseado em fatos reais. Todos os nomes são de pessoas e instituições reais".

Resumo: dois funcionários de um armazém estão conversando. Nesse armazém, além de produtos farmacêuticos e hospitalares, guarda-se também, segundo o funcionário veterano, "um carregamento químico do exército que veio para cá por engano".

Porque não é só A volta que se baseia em fatos reais: A noite dos mortos-vivos (segundo o funcionário do armazém) também aconteceu. De verdade. E aí, quando os dois descem para ver os barris empoeirados com as tais substâncias químicas, idiotamente racham o contâiner deixando escapar um gás químico totalmente perigoso. Ambos inalam o tal gás e desmaiam, ali mesmo, aos pés de onde o barril guarda um cadáver mais ou menos bem-conservado.

Enquanto isso, no lustre do castelo... um bando de malucos góticos, punks, drogados e mulheres com permanentes horríveis esperam dentro do cemitério pela hora em que Billy - é, Billy é o novato do armazém - vai sair do trabalho. Antes do fim do expediente, entretanto, os funcionários do armazém, mais o dono do lugar, terão que dar um jeito naquele cadáver que, sem mais nem menos, voltou à vida.

Interessante o método de destruir zumbis, aqui: eles tentam esquartejar, mas o cadáver continua se mexendo. Daí levam pro crematório, onde dão fim naquilo ali. A fumaça sobe, chega nas nuves, chove, cai exatamente em cima do cemitério, que é ali do lado, e todos os enterrados voltam a se mexer. Fantástico, não? Narrativas reunidas.

A sequência é tão óbvia quanto clássica: os amigos que festejavam no cemitério correm pra fugir dos zumbis, cada grupo pra um lado diferente. Três deles vão pro crematório, onde estão Billy e os demais, e lá se armam com martelos e marretas pra segurar a horda do lado de fora. Vários morrem, claro, e a inovação desse filme é o grito de "Braaaaaains" que os zumbis arrastam pela cena, enquanto correm e arrancam pedaços de crânios dos humanos.

Great.

Outra marca desse filme (e dos Contos da Cripta, e vários dessa fornada) são os bonecos animatrônicos super plásticos, que dão um toque de comédia à carnificina. Um deles, aliás o mais descarado, é a mulher zumbi partida ao meio quando tenta entrar pela janela, que dá um dos diálogos mais icônicos do filme:

- Por que vocês comem pessoas?
- Pessoas não. Céééérebros!
- Só cérebros? E por que?
- Porque faz passar a doooor.
- Que dor?
- A dor de estar moooooorto.

Mais inovações no gênero: os zumbis, além de correrem e terem disposição de desportistas, são articulados, faladores e bem organizados. Méritos para a cena em que um se finge de policial numa blitz, pros outros, escondidos, atacarem os carros que param.

O final é bombástico. Menção honrosa, ainda, pra Linnea Quigley, a fantástica Trash, uma das punks drogadas que faz um belo strip-tease em cima de uma cripta, antes de virar zumbi.


E, ah, nesse filme tem o tal cachorro-cortado-ao-meio-que-volta-à-vida. Pontos para a minha infância...