quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Deliver me to Hell (RPG solo em vídeo, via youtube)


Nem só de Senhor dos Anéis e TV Colosso vive a Nova Zelândia. Para promover seu produto de infernal qualidade, a Hell Pizza desenvolveu o jogo interativo via Youtube, Deliver me to Hell.

Nele, durante uma infestação de mortos-vivos, uma mocinha refugiada em cima de um contêiner liga para a Hell e pede, obviamente, uma pizza. É o começo da jornada do entregador, que sai de carro para o serviço. No fim do primeiro vídeo, que tem uns 3 minutos de duração, você decide se dá carona para um maluco que aparece fugindo dos zumbis. Eu fui bonzinho e levei o cara junto. Não faço idéia de como seria se eu tivesse acelerado e deixado o doido como aperitivo pros mortos.

Notem quando o entregador abre o armário para tirar de lá um taco de baseball: na porta está escrito ZUMBIS. Pausei o vídeo e voltei um pouco, e na porta ao lado estava escrito VAMPIROS. Fantástico. A Hell pizzaria está mesmo pronta pra qualquer entrega, em qualquer situação.

Nesse RPG solo a gente passa por quatro escolhas (pelo menos eu passei) até o final, desde “dar carona” até “roubar um carrinho de golfe”, incluindo uma que é “amassar a cabeça do zumbi com uma bola de boliche”. Não sei quantas opções são, no total, mas aposto que dá pra se divertir.

Numa brincadeira promocional estilo Todo mundo quase morto (Shaun of the dead, a comédia com zumbis do inglês Edgar Wright), os neozelandeses mandaram muito bem. Vá lá, confira: http://hellpizza.co.nz

Assistindo até o fim você ganha um suprimento de pizza grátis durante um ano. Com infestação desmorta ou não.

domingo, 1 de agosto de 2010

INFECTADOS (CARRIERS - 2009)


Existem algumas linhas-de-força no cinema de zumbi. Normalmente são estilos que se opõem, como quanto às condições do cenário: às vezes vemos a eclosão da infestação dos mortos-vivos, que começa com o primeiro ataque e, pouco depois, já se espalhou por todo o planeta. Às vezes as oposições são com relação às ações dos sobreviventes; nos filmes de fortaleza todos se fecham numa construção bem protegida e cheia de suprimentos, enquanto ondas de desmortos atacam o perímetro; por outro lado existem os road movies, em que narrativa é baseada na viagem pela estrada e na procura por suprimentos e segurança.


Infectados não é um filme de infestação. Contrariamente, desde a segunda cena sabemos estar assistindo a um cenário pós-apocalíptico. Danny, Brian, Bobby e Kate estão num carro, rodando pela estrada quando passam pela placa da Interestadual. Após uma pequena discussão, sabemos que não se deve seguir pela Interestadual. Nunca. É uma das regras.


Curioso que Infectados foi lançado em 2009, pouco antes de Zumbilândia, e ambos têm nas regras de sobrevivência uma base constantemente relembrada. Claro que as regras de sobrevivência sempre estiveram presentes nos filmes de zumbi: “não deixe eles te morderem”, “atire na cabeça”, “não tenha piedade dos sobreviventes mordidos”, etc, mas iniciar o filme com as regras já estabelecidas é uma das coisas que dão o tom pós-apocalíptico à narrativa.


Pois bem, em pouco tempo encontram um carro obstruindo a estrada, pedindo ajuda, no qual estão Frank e Jodie, sua filhinha infectada. Relembrando as regras: 1 - Evite os infectados a todo custo; 2 - Desinfete tudo que eles tocaram nas últimas 24 horas; 3 - Os doentes já estão mortos. Eles não podem ser salvos.


A paranóia que esse cenário imprime nos protagonistas é enorme. Eles sempre usam luvas cirúrgicas e máscaras no rosto, máscaras engraçadamente pintadas com bocas falsas. Além disso, andam por aí com galões de desinfetante, e todo movimento é premeditado para não tocar num foco de transmissão.


Apesar de tudo, Frank e Jodie seguem com os quatro, numa área de isolamento improvisada na carroceria. Estão indo em busca de um suposto hospital de emergência que encontrou uma cura, mas Danny sabe que isso é esperança tola. Em cenários de zumbi a única certeza é que não há escapatória. Todos vão morrer, basta esperar. E a espera vai se acumulando pouco a pouco.


O mais importante nesse filme é a tensão criada, o dilema de abandonar ou não os infectados. Como regra, sempre abandonam. É assim que Frank e Jodie ficam para trás, quando descobrem que o hospital não tinha a cura. É assim que Bobby, a namorada de Danny, é deixada na estrada para morrer sozinha, por ter sido infectada pela menina. Assim é que a narrativa vai se construindo entre busca de segurança e abandono.


Não falta nem mesmo o grupo armado que mantém uma fortaleza com suprimentos, na qual os protagonistas entram para se abastecer. O que falta, apenas, são os zumbis. Poucos desmortos estão presentes no filme, e nunca em situações conhecidas. Os infectados mortos-vivos não rastejam por aí atrás de carne humana, mas são um perigo tão grande quanto.


Filmes de zumbi se dividem, ainda, em dois tipos: aqueles em que os personagens são arquétipos/estereótipos da sociedade como um todo (como nos clássicos de George Romero), e aqueles em que o desenvolvimento humano (e pós-humano) e as relações pessoais assumem centralidade. Em Infectados, toda a narrativa mostra a tentativa de sobrevivência durante a viagem que Danny e Brian, irmãos, realizam rumo à praia que costumavam ir quando crianças. É na praia que o filme se inicia, é nela que ele termina.


Durante toda a viagem desse road movie, o que fica é a sensação paranóica de que é possível se infectar após o menor descuido. Paranóia tão grande que quase tive um treco quando, inadvertidamente, cocei o nariz.


Ficha técnica:

Título no Brasil: Infectados
Título original: Carriers
País de origem: EUA
Tempo de duração: 84 minutos
Estúdio/Distrib.: Paramount/Playarte
Direção: Alex Pastor, David Pastor