sábado, 23 de outubro de 2010

The Walking Dead S01xE01 (2010)




Começa como toda boa história de zumbis: o mundo já está tomado. Na sequência, vemos Rick, o policial protagonista e guia de toda a série, conversando na viatura com seu parceiro, Shane. É, a segunda cena volta ao antes da infestação e ficamos sabendo que, numa troca de tiros, Rick é baleado e levado em coma para um hospital.

Mesmo hospital em que acorda, tempos depois, com dor, sem soro, sem luz, sem nada. O efeito narrativo da passagem do tempo é simples e ótimo. Como as flores ressecadas da cabeceira, Rick caminha pelos corredores bagunçados, com luzes piscantes e, quando chega ao lado de fora, vê a fila enormíssima de mortos espalhada pelo chão.

Ainda dentro do hospital temos a visão do que virá a ser a maquiagem dessa série: uma mulher totalmente depelada é a primeira visão do novo mundo que Rick tem o prazer (?) de experimentar. A porta com “Não abra, mortos dentro” também está lá, e a descida pela escadaria na completa escuridão cria o clima de suspense. Se ele não fosse o protagonista certamente teria o cérebro comido ali mesmo, sem rodeios.

A trama do episódio-piloto é simples: Rick sai do hospital e, pelas ruas caóticas e paradas, segue pra sua casa. No caminho encontra uma bicicleta caída e vai pedalando para procurar a família. Uma pausa, aqui: quem lê os quadrinhos sabe muito bem que cena é essa, e certamente nutre simpatia pela zumbi dona da bicicleta. Eu nutro, pelo menos. Vale notar que essa zumbi vai render uma belíssima cena de misericórdia, mais à frente, além de ser uma bela homenagem (consciente ou não) à zumbi faladora de A volta dos mortos-vivos.

The Walking Dead, série da AMC baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman, diz a que veio. Mostra desde o começo um mundo arrastado feito passos de zumbis, em que todo encontro entre pessoas causa confrontos, tensões e alguns hematomas.

Quando chega à própria casa e não encontra sua família, Rick senta na calçada e chora. Ele ainda não sabe que o mundo está tomado e vemos, num segundo plano, um corpo de criança se aproximando por trás do personagem (não um corpo sem cabeça – só um corpo, porque dos ombros pra cima a câmera não pega).

Torci pelo que viria a seguir, achando que não ia acontecer do mesmo jeito que nos quadrinhos. Mas acontece! O menino vem andando e, pá! Enfim, leiam, vejam, vocês vão ver como é legal.

Sem dúvidas esse primeiro encontro é ótimo, e quando conhecemos Morgan e Dwayne, pai e filho, entramos numa pequena trama paralela que vai se prolongar até quase o fim do episódio (de 1 hora, ressalte-se), que envolve uma mãe zumbi e tiros de rifle.

Pai e filho ainda protagonizam uma cena muito bonita, leve, daquelas de deixar um sorriso no rosto. Quando os três vão à delegacia, Rick diz que os sistemas de água e luz são autônomos. Que isso significa? BANHO QUENTE! Dwayne dançando sob a água do chuveiro é de uma sensibilidade impressionante, certamente ressaltada pelo cenário apocalíptico que envolve a trama toda.

Temos uma breve visão de Andrea, Lori, Carl, Shane novamente, e vários dos personagens que serão importantes no futuro. Fim do episódio, Rick está em Atlanta, onde supostamente havia uma resistência montada, com estrutura para defesa e, bom, e aquele monte de coisas que precisamos e que nunca existem num apocalipse zumbi. A cavalo, andando pelas ruas entulhadas de carros, vira-se uma esquina e – tcharam! – um trilhão de zumbis parados, que logo se viram e correm atrás da carne fresca.

Claro que Rick não está desarmado, mas não saca uma arma até que seja bem tarde demais. Vale muitíssimo assistir ao episódio nem que seja só para ver a cena final, em que ele se refugia num tanque do exército (!), o cavalo é devorado e, no melhor estilo Lost, o rádio entra em contato.

The Walking Dead começa promissor, baseado num quadrinho fantástico e com uma direção eficiente. Agora é aguardar o resto e, quando encontrar com um walker, acertá-lo na cabeça.

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